quarta-feira, 23 de abril de 2014

Deserto do Atacama

O deserto do Atacama está localizado na região norte do Chile e se estende até a fronteira com o Peru. É considerado o deserto mais alto e mais árido do mundo pois chove muito pouco na região. Mas não espere encontrar aqui um deserto cheio de dunas de areia daqueles com camelos passeando por entre oásis e miragens. Nos seus 100km de extensão o Atacama possui uma paisagem única e oferece diversos tipos de passeios. 


Onde ir


Para quem vem do nível do mar recomenda-se que nos primeiros dias se faça passeios leves que não exigem muito esforço e fique pelos arredores de San Pedro nos seus 2.400m de altitude no máximo. A vila possui um clima muito gostoso e vale a pena gastar um tempo passeando pelas ruas. A maior parte das coisas acontece na Rua Caracoles, mas não deixe de entrar nas ruas paralelas e explorar a pequena vila. Não só por isso, acredito que os passeios devam seguir tb uma ordem que proporcione uma boa experiência em cada um deles sem que um prejudique o outro.

Penso que o impacto que cada passeio pode te causar deve seguir numa crescente até o ápice da viagem para que vc possa desfrutar ao máximo cada momento. Eu tb não gosto desse tipo de viagem onde vc não tem tempo de curtir o local pq está sempre correndo de um lado pro outro pra ver muita coisa num dia só sem desfrutar de cada momento. Com isso, montamos o roteiro a seguir que não só nos ajuda na aclimatação e no aproveitamento dos passeios como tb nos permitiu curtir o vilarejo com todo seu charme e descansar para recuperar as energias.

Dia 1
Vale da Lua e Vale da Morte
Entrada: 2mil pesos
Temperatura: quente. Mas não deixe de levar um casaco corta vento para o fim do dia pois venta muito no vale da lua e qd o sol se põe começa a esfriar e a temperatura muda muito rápido.


Dunas no Vale da Morte
Por do sol no Vale da Lua
Os dois ficam perto um do outro e são feitos como um único passeio. 
Vale fazer na parte da tarde para pegar o por do sol no Vale da Lua.
O lugar é incrível e vc se sente num cenário de Hollywood. Sabe esses filmes que se passam em outro planeta ou num lugar inóspito? É igual!
O vale da morte inicialmente se chamava vale de marte, mas um jornalista não entendeu o sotaque espanhol e divulgou o local como vale da morte e assim ele ficou conhecido. Mas a apesar da paisagem desertica o lugar não tem nada de morte. Pelo contrário, é bem bonito e com uma paisagem que lembra mesmo a superfície não explorada de outro planeta.
Quem tiver disposição pode se aventurar a descer a pé umas dunas que tem por lá, mas prepare-se para ficar cheio de areia. Numa das dunas vc pode praticar sandboard tb, mas precisa combinar isso na sua agência antes de sair para o passeio, pois não há pranchas para alugar no local.
O dia termina no Vale da Lua onde vc pode dar um passeio admirando a paisagem e depois subir numa duna para assistir ao por do sol.

Dia 2
Vale do arco-íris
Lagunas Cejar e Tebinquiche
Entrada: 2mil pesos cada
Temperatura: Média. Começa frio de manhã, esquenta ao longo do dia e venta no fim da tarde. O casaco corta-vento tem que estar sempre à mão.


Vale do Arco-íris
Pôr do sol na Laguna Tebinquiche

São dois passeios separados.
Na parte da manhã partimos em direção ao Vale do arco-íris. Lindo! As rochas tem diversas cores formando uma paisagem muito bonita. No vale pode-se se ouvir ecos.
Na volta pode-se parar para ver os petroglifos.

Na parte da tarde é hora de ir para as Lagunas Cejar e Tebinquiche que possuem uma vasta camada de sal e uma paisagem muito diferente do que costumamos ver no Brasil. O lugar é bem bonito e merece ficar até o por do sol, mas não esqueça de ter aquele casaco salvador do vento sempre na mão. O passeio inclui um lanchinho na beira da lagoa que no nosso caso foi regado à Pisco Sauer.

Dia 3
Parque dos Flamingos, Lagunas Altiplanicas, Pedras Rojas e tour astronômico.
Entrada: parque dos flamingos e lagunas altiplanicas 2.500 pesos cada. Tour astronomico 18mil pesos.
Temperatura: frio. Aqui vc vai pra altitudes mais altas e as lagunas têm um vento gelado que pede até luvas. O tour astronômico é a noite e portanto, agasalhe-se bem.


Pedras Rojas
Parque Nacional dos Flamingos

Lagunas Altiplânicas
 Esse dia começa mais cedo que os primeiros. Sobe-se um pouco mais a altitude chegando a 4mil metros mais ou menos.
O Parque dos Flamingos é uma parada no caminho para as Lagunas onde vc pode observar e fotografar os animais que ficam por ali posando na frente de uma paisagem bem bonita.
Segue-se mais um pouco pra cima na estrada e vc chega nas Lagunas Altiplanicas. Esteja olhando para a frente qd o carro entrar no parque (após pagar as entradas) e vc sentirá seu queixo cair diante da vista deslumbrante que vai surgir na sua frente. 
Vista o casaco, tire muitas fotos e aproveite para ir ao banheiro.
Na volta o guia deve passar pelas Pedras Rojas e fazer uma parada para um lanche diante de uma paisagem linda regada a vinho chileno (não sei se a bebida é comum nos tours, mas no nosso caso teve hehehe).
A noite fizemos um tour astronomico para observar o céu e ter algumas explicações sobre as estrelas. Realmente é um céu que não se vê na cidade, bonito mesmo de olhar e com certeza vc verá uma estrela cadente (tem em média 10 por hora). Se vc não tem a oportunidade de ver um céu longe das luzes da cidade ou se vc for um aficcionado pelas estrelas vale a pena, fora isso o tour não é nada de extraordinário.
Qq planetário faz a mesma explicação e no fim vc pode observar alguns pontos do céu via telescópios gigantes. 

Dia 4
Trekking Tunel Cuchabrache
Temperatura: quente.


Vista lateral da trilha
Esse era um dia livre no nosso roteiro. Saímos do Brasil sem nada programado pra esse dia. No dia anterior pedimos uma opinião ao nosso guia que nos sugeriu um trekking de caminhada leve. Topamos e foi um dos melhores passeios. Vc começa subindo devagar (muitos fazem o caminho de bicicleta ou a cavalo) e no fim tem uma paisagem linda que cobre a lateral da trilha de ponta a ponta. Vale muito a pena!

Dia 5
Geyseres del Tatio e Termas de Puritama
Entrada: 5mil pesos Geyseres / 15mil pesos puritama
Temperatura: frio, muito frio


A água ferve a 85 graus e chega a 10m de altura
cratera nos Geyseres
Esse é o dia para madrugar. A saída é por volta das 5h da manhã se vc estiver num tour privado e ainda mais cedo se for num coletivo. O motivo é que além de ser um pouco mais distante, para ver os geyseres a todo vapor é necessário chegar com o dia nascendo pois conforme o sol vai esquentando eles vão perdendo a força. É muito frio lá, de verdade, não duvide disso. Nós pegamos -7 no verão mas a sensação térmica é ainda pior. Prepare uma roupa térmica, luvas, gorro, palmilha e muitos casacos pq o legal do passeio é ficar andando por entre os geyseres.
Como a saída é muito cedo os tours costumam oferecer um cafe da manhã no local.
Existe um ponto final nos Geyseres onde vc pode se banhar numa piscina de água termal, mas eu estava com muito frio e não tive coragem de entrar.
De lá vc desce um pouco e chega nas Termas de Puritama onde é mais quente e vc consegue desfrutar melhor das águas termais quentinhas. São várias. Portanto, pra esse momento é importante ter um biquini e uma toalha para vc se trocar depois. Eles possuem estrutura com vestiário e banheiros. 

Dia 6
Salar de Tara
Temperatura: frio, vento


Vista no Salar de Tara
O lugar é lindo. Nesse passeio vc consegue ver bem a paisagem vasta do deserto e os flamingos. Costuma ter um lanche tb ao ar livre.


Dia 7
Acercamento sarencabur
Temperatura: frio

Vista do lado Boliviano da fronteira
Subir até o cume requer conhecimento e equipamento de escalada, mas dá para chegar bem perto. Aqui subimos a 5.500m de altitude e temos uma vista de pertinho do Likancabur que é o vulcão mais conhecido da região. Andando um pouquinho pelo caminho vc chega numa vista muito bonita dos vulcões com as lagunas blanca y verde, já no lado boliviano da fronteira.
Na volta paramos numa cachoeira bacana com uns cactos ao redor. A água é cristalina mas não é recomendável beber pq possui muitos minerais.

Passeios que não fiz

Gostaria muito de ter ido até o Salar de Uyni na Bolívia. Mas o ideal é ficar lá 3 dias e como tem muita coisa pra fazer no Atacama e eu estava aproveitando um Carnaval esticado para fazer essa viagem acabei não indo. Mas dizem que lá é lindo e ele continua na minha lista para próximas viagens. Quem sabe não pode ser um bom pretexto para voltar ao deserto...
Além disso, alguns locais alugam bicicletas e outros possuem passeios a cavalo. Podem ser boas opções para passear pelas redondezas. Dizem que tem um lugar chamado "garganta do diabo" por ali que é muito lindo. Mas esses vão ter que ficar pra uma próxima oportunidade.


Informações Úteis

Onde Comer

São muitas as opções de restaurantes na vila de San Pedro e tem para todos os gostos. A comida não costuma ser muito temperada e come-se em média por 10mil pesos. Todos aceitam cartão de crédito. Dos que eu fui eu recomendo esses aqui:

> La Estaka - possui um ambiente rústico, bem legal e cardápio variado.
> Delicias de Carmem - comida gostosa e bem servida. Se não estiver com muita fome dá pra dividir um prato. Tem tb as empanadas, bem grandes, que parecem um pastelão.
> Blanco - tem um ar mais sofisticado e possui uma boa adega.
> Adobe - ótima comida.
> El Toconar - é um bom lugar para tomar um drink e comer alguma coisinha
> Chela Bar - é um PUB que só serve cerveja. Não tem outro tipo de bebida e nem comida. Mas as cervejas costumam ser mais baratas que nos restaurantes.
> Heladeria Babalu - ótimo para quem quer refrescar o calor do deserto, uma sobremesa ou até mesmo um sorvetinho durante um passeio pelo vilarejo. Eles possuem diversos sabores, dos clássicos à frutos da região, oferecem uma provinha e a cada dia tem sabores diferentes. Para os curiosos eles possuem inclusive sorvete de coca.

Onde se hospedar

Existem diversas opções de hospedagem em San Pedro, desde albergue até resort. Eu fiquei num hostel muito bom. Fiquei em quarto privativo com banheiro, mas mesmo os coletivos são boas opções. A cama é confortável, o ambiente limpo, possui um bom café da manhã, wifi, transfer para Calama e nos dias que vc sai muito cedo eles deixam um lanchinho para vc não sair de estômago vazio.

Segue o contato:

Hostel Campo Base - fiz reserva via booking.com
http://www.booking.com/hotel/cl/hostal-campo-base.pt-br.html?aid=318615;label=New_English_EN_ROW_Hotel-OAIlk_J4_GKPAUB%2AV8wv0AS40622461945%3Apl%3Ata%3Ap1%3Ap2%3Aac803305%3Aap1t1%3Aneg%3Akw_inurl%3Abooking.com%2Fhotel%3Aws%3D;sid=15d0db2ffae6f237697cada740f4dfd7;dcid=1;ucfs=1;srfid=628dece5b1bf2faf3cd7f62d6708c7326c6f715dX1


Para quem prefere tentar uma opção em hotel com um pouco mais de conforto posso recomendar esse aqui onde uns amigos se hospedaram e me pareceu um bom hotel:

Hotel Terantai
Guia

Existem muitas empresas de turismo pela vila.
Eu usei a Maxim´s e gostei bastante. Tivemos dois guias muito bons, o Felipe e o Eric que nos sugeriram alterações na rota e passeios que não havíamos pensado em fazer. Tivemos tb o apoio do Nino que é um dos sócios da agência. Foi uma experiência muito positiva.
Seguem os contatos:

Maxim´s - maximexperience@hotmail.com
Contato direto do guia - fmpexpediciones@hotmail.com

Kit de sobrevivência

San Pedro do Atacama está a 2.300m de altitude e como todo deserto possui um clima muito seco e uma amplitude térmica grande. É possível pegar -7 e 30 graus no mesmo dia. As noites costumam ser frias e o sol durante o dia esquenta e queima mesmo. Portanto, para não sofrer com o soroche (mal de atitude), insolação ou desidratação é fundamental seguirmos alguns passos que vão ajudar na aclimatação:


- beber água constantemente. Não espere sentir sede, vc pode sentir a garganta seca devido à aridez e poeira e não sede propriamente. Saia para os passeios sempre com uma garrafa de água de 2l para consumir ao longo do dia pois não há locais para comprar água no meio do deserto. Pode sair mais em conta comprar na cidade um galão de 5l e ir repondo sua garrafa de 2l.
- use bastante filtro solar, fator 60 se puder. E não esqueça de reaplicar e nem de passar nas áreas que costumamos não dar atenção como mãos e pescoço.
- use boné. Lembre que vc está em alta altitude (alguns passeios chegam a 5mil metros) e o sol queima mesmo, pode queimar até o couro cabeludo
- leve lenço umedecido. Pode ser útil não só para limpar as mãos da poeira mas tb para ajudar numa ida ao banheiro (mesmo onde se tem estrutura para tal)
- use protetor labial. Venta bastante lá, e um vento gelado. Em casos mais críticos uma pomada bepantol para usar a noite pode ajudar a regenerar a pele.
- tenha em mãos soro fisiológico para hidratar as mucosas internas do nariz que pode sangrar e olhos que podem ficar irritados se não forem cuidados devidamente.
- use hidratante se vc não quiser ficar com a pele muito ressecada
- amplitude térmica. A temperatura no deserto varia muito ao longo do dia e a melhor coisa a se fazer é adotar um modo de se vestir em camadas. Vc sai de manhã cheio de casacos e vai tirando aos poucos até ficar de bermuda e camiseta. Aquelas calças que viram bermuda são uma mão na roda pra isso. E o casaco corta vento é muito útil.
- beba isotônico ao voltar dos passeios, além de hidratar ajuda na aclimatação
- preocupe-se com a aclimatação na altitude. É importante lembrar de andar devagar para não ficar muito ofegante. Sua reserva de oxigênio no corpo vai ser usada na altitude e quanto mais reserva vc tiver melhor a adaptação. Além disso, ajuda muito tomar mate de coca e aspirina 100 pq diminuem a pressão arterial pois possuem efeito vaso dilatador.

No mais é desfrutar da experiência envolvente do deserto e sua paisagem singular.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Machu Pichu - O Roteiro Ideal


À exceção dos que viajam pra lugares da moda apenas para riscar na lista de lugares visitados, essa pode ser, sim, uma viagem transformadora. E, para entrar em sintonia com o local e deixar que ele aja sobre vc é necessário traçar um roteiro que contribua nessa troca.


Minha sugestão é começar a viagem por Lima. Uns 2 ou 3 dias para visitar museus, santuários, sítios arqueológicos e catacumbas que contam histórias das culturas pré-incas e dão uma pincelada no que poderá ser aprofundado e visto ao vivo mais adiante.


Para Cuzco reserve 7 ou 8 dias. Assim vc terá tempo de se aclimatar à altitude, desfrutar do que a cidade oferece como o entorno da Plaza de Armas e seus museus, curtir um pouco a noite e fazer os passeios obrigatórios do city tour (que eu até recomendo, mas se repetir a viagem faria o tour por minha conta para ter mais tempo disponível em cada local), fazer todo o Vale Sagrado (incluindo a parte sul e moray - tente ficar 2 dias em Ollanta, o lugar merece um tempo para sentir sua energia), e 2 dias em Machu Pichu. A maior parte das pessoas faz em apenas 1. Ok, 1 dia dá pra ver td sim, mas é como eu disse, reserve um tempo para sentir o lugar, contemplar, entrar em sintonia com a energia de lá. Em 1 dia vc acaba ficando muito ocupado em ver td e não entra em contato com o que de melhor Machu Pichu tem a oferecer: sua energia.


Na volta, para fugir de uma escala ingrata, se acostumar ao ritmo da cidade novamente e digerir a enxurrada de informação e imagens marcantes da viagem, gaste 2 dias em Lima descansando nos parques e frequentando os deliciosos restaurantes. Pronto. Agora vc estará apto a voltar pra sua rotina com a alma plena e revigorada.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Os ares Limenhos


Lima é uma cidade cinza, devido à água fria do Pacífico o ar fica cheio de nevoa durante muitas horas do dia. O espaço geográfico fica dividido entre a parte baixa e a parte alta (onde acontecem a coisas mais interessantes) pelas falesias e apesar das praias, os Limenhos nãos costumam fazer o mesmo uso delas que os cariocas.


Em termos de cidade, generalizando mesmo, Lima me pareceu um pouco de mais do mesmo. Não que não tenha sua graça e seu charme, pelo contrário, existem museus muito interessantes, possui parques super agradáveis e a gastronomia é excelente (come-se muito bem no Peru), mas a primeira vista é uma cidade grande como tantas outras com trânsito desenfreado, mesma moda circulando na ruas, mesmo comportamento social e etc.


Minha sugestão seria começar a viagem por Lima, a cidade não me encantou muito mas atribuo isso justamente ao fato dela ter ficado para o final. Aqui encontramos Sítios Arqueológicos no meio da cidade e os museus dão uma boa introdução à cultura inca e falam tb sobre as culturas pre-incas. Depois vc parte para Cuzco e mergulha ao vivo e a cores nesse universo. O artesanato me pareceu ser mais barato que em Cuzco, mas as cores e a variedade de Cuzco podem ser mais atraentes.


Miraflores e San Isidro são os bairros nobres e são muito bem cuidados. Nele existem diversos parques como o El Olivar que vale um passeio com calma e quem sabe até fazer um piquenique no seu gramado. Vale tb uma visita ao Parque Kennedy, uma espécie de Baixo Gávea carioca. Visitar as catacumbas da Igreja de São Francisco tb é imperdível, faz a gente se sentir num misto de "O nome da rosa" com seus túneis secretos nos subsolos das igrejas e "Indiana Jones e a Última Cruzada".

segunda-feira, 28 de março de 2011

O Lago Titicaca







O caminho de Cuzco para o Lago Titicaca é muito bonito, cercado pela Cordilheira dos Andes, dá até para ver uma parte que é coberta pela neve. Chegamos em Puno e temos uma vista de cima do Lago. Seu nome significa Titi = Puma e Caca = Cinza algo como Puma Cinza (o Puma é o animal símbolo dos incas). O Titicaca pertence parte ao Peru e parte à Bolívia e como se diz por aqui, a divisão fica da seguinte forma: Titi para o Peru, Caca para a Bolívia.



Brincadeiras à parte, existem diversas ilhas que podem ser visitadas, as mais interessantes são Taquille que para chegar na Vila temos que subir 545 degraus a 4mil m de altitude. Não é fácil mas vale a pena pois de cima temos uma vista muito bonita do Lago e sua água azul. É como se estivéssemos na Grecia, guardadas as devidas proporções e meu desconhecimento da Grécia é claro. Lá tivemos um almoço super agradável e conhecemos um pouco da história do povo local que é cheia de peculiaridades. Sua vestimenta é colorida e através delas pode-se identificar solteiros, casados e o presidente da Ilha.


Em Uros temos contato com um tipo de vida muito singular. O povo cria sua própria ilha como se fosse um xaxim. As casas são como tocas e o povo é muito, mas muito simpático. Em contato com eles percebemos como é possível se viver com tão pouco, mas não pense que isso é sinônimo de pobreza, não, isso é apenas um estilo de vida, eles não são alienados, pelo contrário. Lá encontramos um tipo de artesanato diferente e bastante interessante. O por-do-sol no Titicaca tb é uma experiência muito tocante. Todo esse contato com uma realidade tão diferente da nossa vale a viagem.

terça-feira, 22 de março de 2011

Machu Pichu


Machu Pichu era um templo de sabedoria, como uma Universidade. Um lugar onde os Incas desenvolviam suas práticas e crenças. Um traço curioso dessa cultura é a forma como enxergavam a relação de seus corpos com a vida etérea. Eles costumavam dormir e tb eram mumificados sentados com as pernas encolhidas, como se estivessem em posição fetal pois acreditavam que assim dariam continuidade à vida sagrada do ventre materno.

A cultura Inca é cheia de significados e adentrar por ela sem prestar atenção e abrir o coração para esses detalhes é um desperdício. O Vale Sagrado (Pisac e principalmente Ollantaytambo) serve como um caminho de preparação. É como se a energia fosse num crescente desde Cuzco até o ápice de Machu Pichu. E para desfrutar inteiramente da energia do lugar é necessário galgar cada um desses degraus. O ideal é dormir uma noite em Ollanta depois do passeio pelo Vale Sagrado e não voltar para Cuzco antes de subir para Machu Pichu para não quebrar a corrente de energia. Com isso vc percorre um ciclo completo e preparatório.


Entrar no Parque e dar de cara com a cidade perdida toda encoberta pela névoa da manhã e ficar observando as nuves se desfazerem e revelarem cada detalhe das ruínas ali pertinho de vc, diante de seus olhos é uma cena muito bonita de se assistir e uma sensação única.

A grandiosidade de Machu Pichu é indescritível e não tem imagem capaz de reproduzir isso. É um tripé formado pela beleza estonteante e pela a energia forte que entra pela respiração ofegante da caminhada, td isso permeado pela história fascinante do povo inca que viveu ali.

Não se preocupe com o cansaço, ainda que se esteja em alta altitude. A energia do lugar é tamanha que vc nem sente o corpo, não sente fome, não sente vontade de sair dali. Contemplação. É essa a palavra de ordem.


Machu Pichu é o lugar mais emocionante que meus pés já pisaram em toda a minha vida. Minha alma está completamente tomada pela energia desse lugar. Sinto como se tivesse renascido. Os incas sabiam que a relação com a natureza é o caminho direto de comunhão com Deus. Fecho os olhos e a imagem daquelas montanhas grandiosas vêm na minha cabeça. As lágrimas caem de tanta emoção e o sorriso cola no rosto.



Esse lugar mexe com a gente sem nem percebermos, mas temos que deixar a sensibilidade aflorar para comungar com essa energia, fazer parte dela. As subidas exigem esforço mas é como se servissem para lavar a alma e alcançar o espírito. Nós somos mente, corpo e espírito. Temos que nos purificar para entrar em harmonia. Há que se cansar o corpo para liberar a alma e abrir a mente. A chegada pode não ser das mais fáceis, precisa de adaptação não só do corpo como tb da alma, mas vale cada degrau, cada pedra, cada subida, cada descida, cada pingo de suor, cada sobressalto do coração, cada suspiro.

domingo, 20 de março de 2011

O Vale Sagrado

Quase nenhum turista visita o Vale Sagrado sul, o que é uma pena, pois lá se encontram locais que falam muito sobre as peculiaridades dos costumes Incas como Tipon, um local que antigamente era dedicado à agricultura. A reforma agrária no Império Inca se dava com o controle total das terras pelo governo: quando o proprietário de uma terra morria, em vez de passar para alguém da família, a terra voltava para o governo e era dada como presente a um casal novo que se formasse para que trabalhassem e tirassem dela o seu sustento. Outros pontos altos do Vale Sul são Andahuaylillas - Igreja de S. Pedro cujas pinturas mostram a inquisição e as santas que morreram nessa época; e Pikilacta - que é da época pré-incaica, pertencia ao povo wari. A vista daqui é muito bonita com uma boa amplitude da Cordilheira dos Andes.

Mas imperdível mesmo é o Vale Sagrado que fica ao norte, no caminho para Machu Pichu. É como um degrau obrigatório para se chegar na cidade perdida.


Começamos por Pisac onde encontramos uma vista linda e extensa. Dá vontade de sentar ali e ficar admirando por algum tempo o vale repleto de pinheiros que poderiam até lembrar a Suíça não fosse pela falta de neve.




Depois pegamos uma estrada para Ollantaytambo e esse caminho, no meio do Vale, rodeado pela Cordilheira é encantador! Impressionante como a natureza consegue ser imponente sem ser opressora. Vc olha para as montanhas enormes e não se sente pequeno perto delas, ao contrário, é como se ela revelasse dentro de nós uma grandeza de espírito e nos chamasse para uma união divina com ela.


Chega-se então em Ollantaytambo, de onde partem os trens para Machu Pichu. Mas antes de se dirigir à estação, deve-se visitar no sítio arqueológico de Ollanta. Muitos degraus, uma vista incrível e muita história pra aprender sobre a cultura Inca.


Ollantaytambo era morada dos sacerdotes e servia tb como ponto estratégico de segurança para Cuzco (antiga capital do Império Inca conhecida como centro do mundo) e Machu Pichu. De lá se vê entalhada numa das montanhas o rosto de Wiracocha, o enviado de Deus, aquele que foi o criador do mundo andino. Conta-se que um dia ele voltará para restaurar o mundo. No entanto, alguns acreditam que ele inclusive já voltou e está entre nós.


Mas histórias incas à parte, Ollanta é um vilarejo realmente fantástico desse circuito. Lá se desfruta de uma energia muito boa, de paz, aos pés da Cordilheira. Vale se hospedar por ali por um ou dois dias e entrar no clima intenso que existe por ali.

sexta-feira, 18 de março de 2011

A primeira impressão é a que fica.




Olhar Cuzco do alto pela primeira vez é indescritível. A cidade fica no meio da Cordilheira Andina e tem uma topografia singular. A dica é sentar do lado esquerdo do avião que dá pra ver melhor a cidade de cima e ficar logo encantado com o carisma da região. É como se a cidade te chamasse lá do alto. A Plaza de Armas (melhor lugar para se hospedar nos arredores) é linda! Toda de pedra, com a Catedral imponente e o simpático chafariz no meio. A cidade tem um ar antigo que mistura o romantismo com a agitação do mundo moderno (o trânsito é meio enrolado, não tem sinal e os guardas apitam o tempo todo para os carros). Cuzco é mesmo muito envolvente. Estou aqui há pouco mais de 24h e sinto como se estivesse há dias, como se fosse um lugar habitual mesmo. O povo é muito receptivo e a atmosfera local muito agradável.






A arte como objeto de colonização


Aprender sobre a cultura inca é imprescindível para quem aporta por aqui. Não só pelas construções e agricultura mas tb pela forma de vida que eles tinham, com suas crenças e suas adorações aos elementos da natureza. A colonização espanhola é um capítulo à parte: ao chegar aqui, como não falavam o idioma dos incas (o quechua) eles utilizavam as pinturas como forma de aproximação e para tanto travestiam as imagens católicas com roupas peruanas a fim de causar empatia misturando os dois símbolos e facilitando a evangelização, o que acabou por influenciar muito a escola de arte cusquenha.


Um traço muito forte na cultura inca eram os sacrifícios oferecidos aos Deuses, como por exemplo, as pessoas escolhidas que eram embalsamadas como múmias, ainda vivas. É uma sensação estranha entrar na caverna onde eram feitos esses sacrifícios, mas há que se relativizar e deixar a cultura do outro entrar em seus poros como se a verdade deles fizesse sentido tb para vc.


A religião do povo andino era repleta de rituais, como por exemplo a limpeza da alma. Os homens não se consideravam dignos de entrar nos Templos e por isso banhavam-se na fonte, molhando o peito na água gelada como forma de purificação antes de entrar no Templo. Sacsaywoman, Quenqo e Tambomachay são locais nos arredores de Cuzco que ilustram esses rituais, entre outros, como o Inti Raimy, a festa do sol, e todos esses lugares podem ser visitados pelo City tour ou se preferir dispor de mais tempo em cada um deles é fácil chegar até lá alugando um carro e com um mapa na mão.